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domingo, 8 de junho de 2025

Léo Lins, MC Poze e Zambelli – Quando a versão do caçador sempre prevalece sobre a da caça

O Brasil funciona de acordo com as versões da mídia hegemônica. Estamos atravessando uma tempestade de versões sobre três casos que ocupam parte da atenção nacional. São dois semelhantes de uma certa maneira e outro instigante e curioso pela abordagem da visão conservadora da população e do racismo estrutural do estado brasileiro.
O panorama apresenta um jovem negro, artista muito bem sucedido, que através do Rap e do Funk expressa sua visão de sociedade e a realidade das comunidades onde viveu e que ainda se apresenta em show bastante concorridos. Este jovem negro foi preso em uma operação com enirme espetacularização, com transmissão ao vivo para os canais de RV e Internet. Teve sua casa invadida e de lá saiu sem camisa e algemado, sendo exposto como um troféu de caça. A acusação foi de "apologia ao crime" ou coisa semelhante. Não foi intimado, não foi convidado a prestar esclarecimentos, enfim, não havia condenação.
A tendência ao se fazer uma análise fria da operação policial aponta para as eleições de 2026. O estado do Rio de Janeiro é refém há muito dos narcotraficantes, tendo grande parte de seu território controlado por milícias e grupos de traficantes fortemente armados. A população carioca está entregue à sanha criminosa de malfeitores que aumentam cada vez mais. Até os adolescentes sabem onde podem transitar ou não para não perderem a vida. Os sucessivos arrastões pululam por toda a cidade, os tiroteios nas comunidades ameaçam e assustam as pessoas de bem que lá habitam. A vergonhosa insegurança da cidade é despistada por ações típicas como a que houve na Comunidade da Maré culminando com a morte de um de seus controladores ou a recente incursão policial na comunidade do Santo Amaro no Catete, durante uma festa junina, onde vários moradores foram baleados e um jovem que trabalhava cono oficce boy morreu em consequência dos ferimentos, consagrando a necropolitica do estado sobre a população negra.
A prisão do MC Poze foi considerada ilegal pelo judiciário e o cantor saiu do presídio sob aclamação popular de milhares de pessoas que empreenderam uma vigília de vários dias defronte ao presídio onde estava encarcerado.
Os outros dois casos são semelhantes entre si e diversos do caso do MC Poze. As duas pessoas, Carla Zambelli e Léo Lins são brancos da classe média e Zambelli uma parlamentar do Congresso Nacional. Porém, ambos foram condenados e deveriam estar atrás das grades cumprindo suas penas. Como a lei brasileira admite recursos protelatórios para a burguesia, possivelmente terão suas penas atenuadas e quiçá paguem o que devem com distribuição de cestas básicas. É uma situação que ainda não está definida mas que nos leva a uma profunda reflexão sobre a luta de classes no Brasil.
Os condenados Léo Lins e Carla Zambelli estão recebendo por parte da grande imprensa, tratamento de vítimas do ativismo judiciário, enquanto MC Poze, como se diz por aí, é esculachado por esta mesma mídia, a mesma que endeusou os juízes Sérgio Moro e Marcelo Bretas, ambos pulverizados pela mesma justiça da qual faziam parte.
Carla Zambelli, pega com a mão na botija por invadir os sistemas eletrônicos da justiça e por promover e convocar um golpe de estado, atentando contra a democracia brasileira pedindo a volta da ditadura militar, após a sentença condenatória transitada em julgado pelo STF, deu uma banana para os brasileiros e fugiu do país na calada da noite, atravessando a fronteira com a Argentina, de onde voou para os EUA, onde em seguida embarcou para a Itália, país que lhe concedeu cidadania e se acha protegida de uma possível prisão.
Léo Lins está recebendo uma enxurrada de apoios, apesar de em seus shows de Stand UP promover a pedofilia e ridicularizar grupos de maioria minorizadas como mulheres, negros e negras, pessoas com deficiências e gordas. A lei diz que é crime e quem cometer deve ser julgado e cumprir pena como reza a legislação penal. Mesmo assim há uma enorme mobilização nacional para que o criminoso não cumpra sua pena.
Mas o bandido na história é o MC Poze, artista negro de origem periférica, que saiu algemado de sua própria casa, na frente de sua família, sem camisa, de short e descalço, sem qualquer tipo de condenação, ao vivo e em cores para todo o Brasil.


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